Para os caetanistas de 1962 e 63, Marina Ribeiro Leite é a conhecida professora de português indicada por Raul Schwinden para as aulas do ginasial do IECC.
Para as alunas daquela época, Scarlett Morton é uma menina de onze anos que acaba de passar pelo concurso de admissão ao ginasial, provavelmente com uma excelente nota final.
E depois?
Depois Marina seguiu para o Colégio de Aplicação, veio para Paris para fazer seus estudos e tornar-se doutora e a Scarlett, foi crescendo, crescendo até que entrou para Filosofia da USP e não parou mais.
Scarlett continuou os estudos em Paris, tanto na Sorbonne como na Escola Normal Superior, que não tem nada a ver com o que os brasileiros chamam de “escola Normal” e que aqui é um antro onde a nata da elite intelectual se revigora…
Jean Paul Sartre, Simone de Beauvoir, Gilles Deleuse, Roland Barthes, foram “alunos” deste estabelecimento…
Ora, nossa ex colega é hoje livre docente na Faculdade de Filosifia da USP e tem no seu C.V. vinte e três livros publicados, a maioria versando sobre Nietzsche, pois ela é a maior especialista brasileira sobre esse autor.
No seu livro “A irrecusável busca de sentido”(1)-(aqui não possuo as itálicas), na página 30, podemos ler o seguinte, no itém “formação”:
“Transferir-me para a Caetano de Campos aos onze anos pareceu-me natural, em que pese o fato de ter de prestar um exame de ingresso e, tão cedo, precisar pôr-me à prova de maneira cabal. Disseram-me que a Caetano era uma das melhores escolas da cidade; isso me bastou.* De fato, lá encontrei excelentes professores, dentre eles: Marina Ribeiro Leite. Foi ela quem me revelou a riqueza da nossa língua e a sua estrutura. Ao explicar as orações coordenadas e subordinadas, mostrou-me a diferença entre o raciocínio associativo e a pergunta pelas causas.”
*nota 17: Mal sabia que a Faculdade de Filosofia, de Ciências e Letras, que viria a ser tão determinante na minha vida, ocupara por quase uma década o terceiro andar da Praça da República.
Para parafrasear o presidente se referindo ao FMI…”Gente, é muito chique a gente exportar talentos como este pelo mundo!”
A Scarlett publicou no Brasil, mas seus livros estão traduzidos no mundo todo; pesquisem!
wilma(29/10/2010)
(1) A irrecusável busca de sentido; Ateliê Editorial; Ed. Unijuí; vol. I; 2004.
Obrigada pela homenagem, Wilma. Somos de gerações privilegiadas que usufruíram de uma educação humanística de qualidade, capaz de criar vínculos eternos de admiração, respeito e amizade entre alunos e professores. Prova disso foi o reencontro caloroso no almoço de confraternização da turma de 1965, para muitos de nós 45 anos depois do último encontro!
Abraços