(wilma schiesari legris)
Queridos amigos e leitores :
Foi com grande prazer que recebi um presente de meu amigo francês, Patrick Delfosse.
Patrick vive em São Paulo e reside… imaginem onde, caetanistas?!
– Na Avenida Ipiranga com a Praça da República, bem em frente ao nosso antigo IECC, num daqueles prédios que devem ser preservados e que foram construídos pelo tio da nossa colega Maria Lúcia Camargo.
O presente em questão é último livro que o escritor membro da APL, Eros Grau, publicou – Paris-Quartier Saint-Germain-des-Près*, que me chegou inclusive autografado com a data de dezembro do ano passado.(a pedido meu, foi Eros quem gentilmente prefaciou o meu livro Crônicas e contos cruéis; obrigada, senhor escritor!)
Aqueles que gostam de Paris e, ainda por cima do quartier mais charmoso da cidade que para muitos é o VI, onde se encontra Saint-Germain-des-Près, devem-no ler; absolutamente.
São quase 300 páginas pelas quais o leitor vai se deixar levar e “viajar” em apenas quatro horas bem passadas em sua companhia; o texto integral foi inteiramente devorado nesse lapso de tempo, com leitura direta e bem ritmada, tão interessante é o assunto.
Com as palavras de Ignácio de Loyola Brandão que nas “orelhas” do livro fazem quase o papel de um mini-prefácio e a nota inicial do autor, o ensaio -como o classifica Eros, é dividido em três partes e tem mais de 30 capítulos dedicados à Saint-Germain-des-Près.
Ficamos sabendo que o Eros Grau palmilhou bem aquele quartier e que ele o conhece melhor que os parisienses em geral.
Por isso esperamos que o livro já esteja sendo traduzido para que os franceses também conheçam este verdadeiro parisiense de coração e memorável escritor.
Sendo um intelectual, é evidente que Eros Grau criou uma obra sui-generis, obrigatória para os amantes do Existencialismo e dos lugares frequentados pelos seus seguidores; tanto é que dedicou a obra inclusive ao Boris Vian.
Entre ensaio e crônica de cunho histórico e social, Eros leva seus leitores aos restaurantes, bares e cafés de sua predileção, onde sempre presenciou ou testemunhou ao lado de sua esposa, algo incomum e do qual, mesmo no papel de figurante ocasional, ele sempre roubou a cena.
Muito importante e pioneiro o capítulo consagrado à Adrienne Le Couvreur, até então desconhecida de muitos parisienses e mesmo daqueles residentes de Saint-Germain-des-Près e que, doravante, vai voltar ao seu lugar na História da capital francesa(aliás nada falarei sobre a “Adrienne” sobre a qual Eros Grau se debruçou fazendo um belo trabalho de pesquisa; leiam e confirmem!).
Bon vivant et non chalant, Eros Grau faz parte de Saint-Germain-des-Près, adotado que foi pelos habitués do bairro.
Descobre-se que ele tem mesa cativa em certos lugares-fetiches do quartier, conhece e é conhecido tanto pelas altas personalidades da política, literatura, cinema ou outras artes, como até do mais simples pedinte que passa o chapéu diante do Cafè de Flore, que a ele se dirige pelo nome com muita naturalidade e respeito e sempre acaba por receber uns bons trocados no final da prosa.
A experiência parisiense de Eros Grau, aliada à sua vasta cultura e à grande curiosidade que leva sempre consigo são encontradas ao longo dessas páginas tão apreciadas, lidas, relidas e que ficarão à mesa-de-cabeceira.
Abraços,
Wilma
21/01/12.
GRAU, Eros ; Paris-Quartier Saint-Germain-des-Près ; São Paulo ; Ed. Globo ; 2011.