PARTE II – Julho de 1929 na ENC ! MAU GOSTO NO PEITO!

10/07/1929 (OESP)

O distintivo das normalistas

“Deram muitas alunas da Escola Normal da Praça da República, de alguns dias para cá, para trazerem no peito pesada placa metálica, com desenho em esmalte, de várias cores, e iniciais simbólicas. Não pudemos atinar com o que fosse, de princípio, mas acabamos por verificar, interrogando umas e outras, que aquilo nada mais era que “o distintivo da normalista”…

Certamente, quanto à ideia do distintivo, em si, nada há a estranhar. Teria até as suas conveniências uma significação discreta e elegante, que facilitasse o reconhecimento das alunas do grande estabelecimento, já que o uniforme azul e branco, que dantes as distinguia, foi adotado em outras escolas.

(…)Mas o caso é que, se a ideia é boa, a realização foi péssima. Custa a crer até que a direção da casa não impedisse logo a generalização da pesada placa, tão imprópria e antiestética é. A concepção em si mesma, orça pelo ridículo. Um globo geográfico enorme, um livro aberto com as iniciais “E.N.P.R.”, um escorso do grande edifício, e como se isso não bastasse, algumas árvores, especadas, para aumentar o número de cores, certamente… Se a concepção foi infeliz, a execussão andou pior ainda. Ali se representam todas as cores, em tons berrantes, absolutamente impróprias  a um distintivo, só não fossem desagradáveis em qualquer painel;

O que faz a beleza e a força dos símbolos é a simplicidade. Os que mais tem resistido ao tempo são justamente os que respeitam as formas geométricas singelas, os que tem linhas sóbrias. Os distintivos de classe se acaso buscam uma figura, estilizam-na, para maior suavidade. O pretendido distintivo das normalistas (porque podemos acreditar que aquilo seja um distintivo oficial) é o oposto de tudo isso. (…) só faltava a cartilha do método analítico, o contador mecânico, o quadro negro e as cartas de Parker (representados na palca, quase do tamanho de um cartão postal!)”

E o cronista avisa que as iniciais E.N.P.R. não tem nenhum valor oficial, pois nomea-se Escola Normal da Capital (e não da Praça: nota minha); a menos que queira significar “É Prohibido Namorar os Rapazes”…

Assina Z.

 

14/07/1929(OESP)

Notícias Diversas

Homenagem aos pioneiros da Educação

“No Jardim da Infância anexo à Escola Normal da capital, realizou-se ontem conferência sobre a personalidade do saudoso educador Caetano de Campos, a quem muito deve o nosso ensino público.”

 

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(resumo) – No anfiteatro do Jardim da Infância, às 20 horas, com a presença do retrato a óleo de Caetano de Campos, envolto pela bandeira brasileira.

João Lourenço Rodrigues introduziu o professor João de Toledo  ontem em reunião para a organização da comemoração dos 50 anos da Escola Normal; era tema a discussão sobre a personalidade de Caetano de Campos, com a sala cheia de representantes do magistério paulista e, inclusive com a presença de alguns familiares do educador a se homenageado.

Faltou, porém a presença de altas autoridades.

Prepara-se a entrega da herma de Caetano de Campos durante a festa jubilatória, prevista pela comissão organizadora e paga com o dinheiro de subscrição aberta.

A reportagem fala que fora Cesário Motta, da capital, e Antonio Augusto da Fonseca, de Itapetiniga, nenhum outro grande educador não havia sido homenageado como se devia, até então.

João Lourenço Rodrigues pronunciou um discurso, inteiramente reproduzido no artigo do jornal, levantando muitos elogios ao palestrante João de Toledo, também formado pela EN de Itapetininga, fundada logo após a ENC; seu primeiro diretor, major Antonio Augusto da Fonseca, que formou nas primeiras turmas, inspirado pelo “modelo” Caetano de Campos.

João e Erasmo de Toledo, Orlando Fonseca, Amadeu Mendes, José Gomes e Waldomiro de Oliveira, todos presentes na sala, estão instalados em altos postos da administração de São Paulo.

A herma, contou Lourenço Rodrigues, foi ideia do colega Romeu Rocca Dordal, que recebeu os estímulos de Paula Souza no curto período da direção da Escola.

E continuou: “Caetano de Campos constitui um elo entre o passado e o presente, entre a primitiva Escola Normal de 46, que nos deu Laurindo de Brito, e a Escola Normal de 75, restaurada em 80, a qual nos deu Gabriel Prestes.(…)” E citou inclusive, Prudente de Moraes e Rangel Pestana como co-autores daquela glória.

Depois, falou o professor João de Toledo, mas o discurso não se encontra no jornal naquela data, salientando uma citação de Caetano de Campos, a quem atribuiu o conhecimento dos problemas nacionais:

“Escolas nossas, por processos adaptados por nós”.

Uma pequena coluna do mesmo jornal nos coloca a par das novas adesões para a aquisição da herma e elas vem de professores das de Araraquara, Escolas Normais Livres dos colégios Progresso e Baptista Brasileiro.

Nota minha: As Escolas Normais Livres foram criadas a partir de 1928, pelo fato dos currículos das Escolas Normais Públicas terem sofrido redução de um ano e , principalmente porque o Estado de São Paulo, e depois no Rio, também, não conseguir formar um número suficiente de professores para erraditar o problema crônico da educação.

 

27/07/1929(OESP)

Instalada na ENC a dentista Amelia Whitaker, participa do III Congresso Latino-americano de Odontologia (“Whitaker” não foi um dos governadores de São Paulo?)

E

Carta à redação sobre o conteúdo de certos aprendizados da Escola Modelo Caetano de Campos, ridicularizando certos poemas e canções ali ensinados.

30/07/1929

FALECIMENTO(resumo)

Do professor Jeronymo AZEVEDO, , diretor da Biblioteca Pública do Estado e  lente da Escola Normal da Praça da República, por síncope cardíaca.

O féretro saiu da residência da família para a Praça da República, 44(?) e dali partiu ao cemitério da Consolação.

A lista de nomes dos presentes engloba quase 300  de personalidades da cidade, incluindo secretários do Estado, deputados, militares, advogados famosos (como Marrey Jr que defendeu os réus de dois escândalos na ENC, etc).

 

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