NICE
Fogos de artifício oficiam uma missa leiga;
milhares de olhos delumbrados olham o firmamento.
Cores que sobem e descem pelo céu marítimo
desenhando motivos abstratos.
Milhares de ouvidos atentos ao som.
Côte d’Azur; Costa do Azul, agora marinho…
Gente, gente, gente.
Agentes da ordem pública por todos os lados.
Câmeras acestadas por toda a parte;
imagens registradas pelo poder,
em cada esquina, sobre cada poste
sem poder prever o pior.
Imagens desfocadas nas telas dos celulares.
Gritos de entusiasmo.
Gritos festivos cheios de ohs!
No país do faz-de-conta,
Arco-íris artificial;
over the rainbow a multidão
bate palmas sob palmeiras de luz.
Furacão ao som da Marselhesa:
o bólido impertigado desce sobre a crosta terrestre,
massa galática branca,
colorindo de vermelho o Passeio dos Ingleses,
esmagando tudo que encontra no seu caminho.
Caminhão de horror travestido em trem-fantasma
conduzido pela morte em carne e osso.
Ouço grunhidos, gritos e urros,
mães desesperadas catando restos de seus filhos,
homens valentes esmagados,
crianças envelhecidas pela tortura bruta.
Massa cinzenta, tingida de vermelho,
povo tangido pelo ronco do motor cruel
buscando um hipotético porto seguro.
Calamidade na desordem que progressa:
paus, corpos, máquinas fotográficas falidas
E o fálico bólido imbuído do horror
previsto por Nostradamus.
Sobre os cadáveres sobra sangue.
A sanguessuga continua seu trajeto mórbido
martirizando os que agonizam.
Nizza.
No corcel mecânico jaz o corpo baleado
de um subhomem estranho à Nietzsche ;
condor condutor da máquina assassina,
assinando o gesto em nome de Alá.
Louco-varrido ou servidor fiel,
zeloso soldado islâmico,
quiçá apenas perdido no mundo.
Corânico pensamento
ou pensamento dispensado de rigor?
Oficiou a sua última missa,
Requiem de um desvalido autor.
Nizza.
wilma
15/07/2016.
Wilma, o quê dizer? Nada justifica um ato bestial como este!!! O quê fazer? Nada, apenas recolher os mortos e dar-lhes o adequado fim. Como chegamos a isto? Não somos capazes de entender. Enfim, há distorções ocultas que brotam de cabeças mal trabalhadas no seu nascedouro. Pode parecer piegas, mas está faltando respeito, amor e consideração pelo próximo e pela própria vida. Para você que buscou o sonho parisiense deve ser muito mais difícil, pois estão chegando fácil demais sobre está terra para a qual muitos correm em busca da felicidade e de momentos de alegria. Oremos, pois só forças sobrenaturais podem nos dar forças para seguir. Abraço..
Ainda não sabemos se o autor é apenas um desiquilibrado mental ou um terrosista de carteirinha.
Em todo caso, não anda fácil viver em terras que sejam democráticas e diametralmente opostas ao islamismo.
Beijo de saudade, wilma.
Saudades também! Acho que o problema não se atém a qualificar o tal Mouhamed; cada um pode ser qualquer coisa desde que a sociedade permita e gaste um tempo inútil em discutir questões subjetivas. Assim que me tornei mãe, aprendi que não e não e sem mais explicações. Quando tentamos explicar o tal do “por que não”, sempre nos embaralhamos. Porque digo isto? Entendo que estamos laceando demais na educação familiar e deixando que as crianças e os jovens discutam valores que eles mesmo estarão confusos em decifrar. Hoje vejo jovens se dizendo estressados e deprimidos e por outro lado descompromissados com o futuro, quando deveriam estar estudando e trabalhando arduamente. Enfim, cabeça vazia é usina do diabo!!! E para rir um pouquinho, agora eles gastam seu tempo caçando “pokemons”… isso não pode dar certo. Essas “bestas humanas” seguem suscetíveis a toda e qualquer porcaria que lhes encha a cabeça podre e mal formada. Vamos em frente, pra ver no que vai dar. Abraço.
Wilma, o comentário que tenho a fazer pode chocar você: entendo que o autor desse atentado não pode ser qualificado nem como desequilibrado mental, nem como terrorista de carteirinha. Desculpe a crueldade dessa constatação, mas lembre que essas são as duas formas possíveis de nos isentarmos pessoalmente da responsabilidade por qualquer ato de barbárie. Chamar o autor de monstro ou psicopata só o retira da condição humana “normal” à qual acreditamos pertencer. Chamá-lo de terrorista só o coloca em um campo ideológico ou político oposto ao nosso – ou, melhor dizendo, àquele do qual adoraríamos fazer parte (o pacifismo). Nossa indiferença e passividade diante da sorte de quem partilha de uma visão do mundo diferente da nossa são os verdadeiros males a serem combatidos no intervalo entre uma explosão e outra do terror. Daqui a pouco, envio a você um texto sobre o pesadelo que tive esta noite (que talvez possa explicar um pouco melhor minha conclusão)
Aguardarei seu texto e o publicarei no blog!
Na proxima vida quero voltar “bicho”, de preferência gato!
bjs