Blog da Reitoria nº 349, de 25 de junho de 2018
Por Prof. Paulo Cardim (caetanista como nós)
“Ensinar exige rigorosidade metódica” (Paulo Freire)
“Avaliar também” (Paulo Cardim)
O futebol é o esporte favorito da imensa maioria dos brasileiros. A Copa do Mundo era uma espécie de ópio, narcotizava os brasileiros em épocas de sua realização. Os políticos aproveitavam esse ópio para “faturar” o sucesso de nossos craques, desde Domingos da Guia, em 1930, passando por Pelé, em 1958, 1962 e 1970. O tricampeonato no México foi o auge do futebol brasileiro, usado fartamente pelos governantes e políticos da época.
Com a valorização de nossos craques e a desvalorização de nossa moeda, em relação ao Euro, ao Dólar americano e à Libra esterlina, os nossos craques foram, aos poucos, emigrando para o futebol europeu, americano, japonês e, mais recentemente, para a China, além de outros países de menor expressão nesse esporte.
As equipes brasileiras passaram a revelar craques para o futebol no exterior ou se contentarem com jogadores em fim de carreira ou de categoria inferior aos craques que atuam na Espanha, Inglaterra, Alemanha, França e outros países europeus e asiáticos.
Enquanto os clubes brasileiros foram decaíndo, a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foi crescendo, agigantando-se, no embalo de uma das maiores empresas do planeta, a Fifa. Com a riqueza acumulada, aplicada e multiplicada, à custa da penúria da maioria dos clubes brasileiros, a CBF passou a esbanjar sua riqueza e envolver políticos em suas tramas. O auge foi a prisão e condenação de seu presidente e o afastamento do vice que assumiu a presidência.
A Copa do Mundo de 2014, tão badalada pelos governantes da época, somente foi realizada em virtude desses gestores da coisa pública terem saqueado o erário público para a construção de estádios e obras de infraestrutura inacabadas, alguns “elefantes brancos”, com a desculpa de que haveria um “legado da copa” para os brasileiros. Se legado houve foi para as empresas construtoras ou políticos corruptos. A derrota do Brasil nem foi chorada pelo público, como a decepção de 1950. O vexame dos 7 a 1 talvez tenha sido um “balde de água fria” que tornou a Copa do Mundo um torneio para a mídia e as empresas de serviços, do mundo todo, faturarem escandalosamente antes, durante e depois do evento. O povo brasileiro, porém, já não tem a seleção de futebol como algo pertencente à Pátria. Agora, perdeu, perdeu. A vida continua.
Em contrapartida, os gastos públicos com a educação, por exemplo, foram sendo relegados a segundo plano e o Ministério da Educação privado da aplicação de recursos orçamentários indispensáveis à sua atuação de liderança nesse setor indispensável ao desenvolvimento socioeconômico de qualquer nação que pretenda ser uma potência. Nos últimos anos, sucessivos cortes ou “contingenciamentos” orçamentários têm inviabilizado o sucesso de diversos programas e projetos importantes para a melhoria fundamental da educação básica, por exemplo.
Essa penúria que atinge a educação e outros serviços públicos, contrasta com o luxo e a riqueza com gastos descomunais que a CBF continua a fazer em termos de seleção brasileira de futebol, além das mordomias injustificáveis, em se comparando com outros países e seleções de futebol, sem responsabilidade ou sensibilidade com as dificuldades por que o nosso Brasil está passando, com graves crises financeiras, políticas e principalmente morais, no Judiciário, Executivo e Legislativo.
Todavia, surge uma esperança cultural e importantíssima: a maioria do povo brasileiro começa a se desinteressar pelo CIRCO – COPA DO MUNDO e a pensar num Brasil mais sério e menos corrupto, que pode sim vir a acontecer e nós todos temos em mãos para isso a maior força que é a DEMOCRACIA, através das eleições de outubro deste ano.
BASTA. CHEGA DE ENGODOS E CIRCO, até porque o PÃO já acabou há muito tempo também…
“É mais fácil governar um povo culto, cioso de suas prerrogativas e direitos, que tem nítida a compreensão de seus deveres, que um povo ignaro, indócil, sem iniciativa e inimigo do progresso”.
“O papel da instrução é preparar e formar homens capazes e úteis à sociedade; o papel do governo é fornecer meios fáceis de se adquirir a instrução, disseminando escolas e patrocinando iniciativas boas confiadas à competência e ao amor de quem promove tão nobilitante tarefa”.
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Prof. Carlos Alberto Gomes Cardim
Diretor da Escola Normal Caetano de Campos
Educador e Inspetor de Alunos, 1909
Irmão do fundador do
Centro Universitário Belas Artes de São Paulo
Pedro Augusto Gomes Cardim