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SELMA E SEUS DOIS MENINOS
(Soneto Clássico)
Passavam sempre por ali, onde moraram…
– disse-me alguém – Selma e seus dois meninos.
Alguns se esqueceram, outros ignoraram;
outros, porém, relembram os seus destinos.
Presumia-se que se espalhasse a graça,
pois o Paissandu é um largo com igreja,
mas a tragédia atinge qualquer raça,
e não faz diferença quem você seja.
Ateu ou não ateu, crente ou não crente,
ninguém se julgue tão privilegiado,
pois muitos na utopia se perderam.
Se eu fosse Deus, não ficava indiferente:
no Paissandu, num prédio incendiado
Selma e seus dois meninos pereceram.

MÁRIAN BATTISTELLA
Poetisa, Trovadora, Haicaísta, Caetanista (IECC)
Ex-aluna de GERALDO TOLOSA
e da Faculdade de Direito da USP.
Graduada em Letras.