Parte II – 1954 – I.E. Caetano de Campos e o IV Centenário de São Paulo

Queridos leitores;

O I.E. Caetano de Campos comemorou  o IV Centenário de São Paulo com desfiles da fanfarra e dos alunos do ginasial carregando bandeiras e estandartes, sob a batuta de Ênio Voss (foto), professor de Educação Física.

(No primeiro plano podemos dsitinguir Américo Salvato, empunhando o cartaz com o nome da nossa Escola)

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A meninada do Curso Primário também participou das comemorações, inclusive com apresentação no palco da Escola, de quadros ligados às cenas da fundação da cidade.

Meninas com roupas inspiradas na bandeira paulista e guris com calças curtas e Gumex segurando o topete, mostraram-se diante da porta principal do prédio da Escola, segurando uma bandeirinha de papel.

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As crianças fizeram uma exposição alusiva à data, com bonecas devidamente caracterizadas; apesar do gosto duvidoso que se via durante a mostra, vale dizer que houve um engajamento assaz importante por parte dos professores.

Alunos maiores encenaram “As Quatro Clarinadas”, peça criada para a ocasião pelo professor Orestes Rosolia.

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O professor Ruy Cartolano, dirigiu o orfeão, e dele participou nossa colega Eloísa Salvato, a “miss Vitamina”, que há 9 anos atrás enviou a foto ao nosso blog.

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A “cereja do bolo” , no encerramento da festa, foi encontrada em três deles, enormes doces confeitados que foram servidos aos professores, funcionários e convivas que estiveram na escola.

Jornais da capital reservaram algumas colunas para mostrar como a Escola se destacou, no pleonasmo insistente auferido à data.

Abaixo vocês poderão ver um filme e ler o documento criado por “São Paulo in foco” para reportar grande parte das comemorações oficiais.

Abraços festivos,

wilma.

10/02/2018.

 

A Festa de Três Dias – A Comemoração do IV Centenário

in  http://www.saopauloinfoco.com.br/iv-centenario/

Uma das maiores festas da cidade de São Paulo foi a realizada para a comemoração dos 400 anos da nossa cidade. As comemorações foram imensas e grandes eventos marcaram essas festividades.

E, ao contrário do que todos imaginam, as comemorações aconteceram nos dias 9, 10 e 11 de julho do ano de 1954 e não no dia 25 de janeiro, como era o esperado. As pessoas que viveram esse momento único dizem que a cidade inteira, independente da classe social, raça ou cor, comemoraram juntos essa data importantíssima.

As comemorações foram iniciadas no dia 9 de julho,  uma data mais do que simbólica para a nossa cidade. Na época, era comemorado o 22° aniversário do começo da Revolução Constitucionalista de 1932.  Além de comemorar e lembrar os heróis daquela data, o dia 9 de julho também marcava, em São Paulo, a celebração do 4° Congresso Eucarístico Nacional.

O Começo Das Comemorações

As festividades foram iniciadas em frente à Catedral da Sé, que havia sido concluída para essas comemorações. As festividades começaram quando os padres e bispos subiram na torre e badalaram os sinos da catedral, às 00:00:03h. A festa podia começar!

A cidade começou a comemorar e podia-se ouvir carros buzinando pelas ruas, bailes e festas em vários lugares fechados e, não era incomum, ver brindes em todo lugar. Os combatentes da Revolução de 32 estavam presentes com suas fardas e os armamentos da época. As orquestras invadiram o silêncio das ruas e São Paulo começava a se integrar com o espírito da festa. Vale dizer que até um DOCE foi feito para as comemorações, o famoso Dadinho!

Na manhã daquele dia, as pessoas que passaram a madrugada toda acordadas, se reuniram em torno do Páteo do Colégio, onde militares, políticos e várias autoridades já estavam lá esperando as cerimônias.

Nessa ocasião, o corneteiro da revolução de 32, Elias do Santos (foto), tocou a Alvorada e fez com que gradativamente, as pessoas se ajoelhassem no chão, em homenagem à cidade. O próximo passo foi o toque dos clarins, dando início ao hasteamento da bandeira nacional.

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Aos poucos, chegava a próxima atração da festa: a Banda Marcial dos Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, fazendo suas famosas evoluções. E assim contornavam o marco do Páteo do Colégio.

E a Associação das Emissoras de São Paulo (AESP), uma das organizadoras da festa, foi a próxima a aparecer nos festejos. A AESP convocava os principais locutores das rádios para fazer suas homenagens à São Paulo. Entre eles Murilo Antunes Alves, da Rádio Tupi.

Comemoração do IV Centenário da Fundação da Cidade, no Anhangabaú, em 1954.
Comemoração do IV Centenário da Fundação da Cidade, no Anhangabaú, em 1954.

Saindo dali, era a hora da missa campal da Praça da Sé. Conforme os dados obtidos pela AESP, aquele foi o ponto mais forte do evento, comparecendo à missa 200 mil pessoas. Este terceiro acontecimento foi o mais empolgante. Os heróis de 32 receberam suas homenagens no contexto da missa.

Foi quando veio a Banda Miami Jackson High Scholl, que com números de piruetas e evoluções conquistou a admiração do povo. A Rádio Bandeirantes pediu a esta banda que tocassem o “Hino do IV Centenário” .

Vale o destaque, para a comemoração desse grande evento, Oscar Niemeyer criou  a famosa Voluta Ascendente, símbolo que representava o crescimento da cidade, já que o slogan da metrópole na época era: São Paulo, a cidade que mais cresce no mundo.

Obra de Niemeyer: a Voluta Ascendente.
Obra de Niemeyer: a Voluta Ascendente.

Entretanto, há uma polêmica ao redor do símbolo das comemorações. Ele deveria estar no Parque do Ibirapuera, inaugurado em agosto de 54, e que fez parte do pacote de monumentos entregue para o IV Centenário.

Niemeyer afirmava que  fez o desenho, mas que, em concreto, ele nunca foi erguido. A espiral foi erguida sim, mas ao desafiar as leis da física não conseguiu se manter em pé e se desfez poucos dias depois. A obra foi erguida pelo engenheiro Zenon Lotufo, mas não teve base de sustentação forte o bastante.

A Famosa Chuva de Prata

Outra grande festividade da época foi a famosa chuva de prata, organizada pelas Indústrias Pignatari com a colaboração da AESP e da 4ª Zona Aérea da FAB (Força Aérea Brasileira).

Foram feitos vários treinos de vôos noturnos antes da festa, sem que as pessoas entendessem o porquê. A idéia era jogar triângulos prateados ao povo. Para colocar os sacos, com estes triângulos nos aviões, tiveram que tirar todos os bancos de passageiros e colocaram carretilhas, para que eles deslizassem até a porta de cada avião, jogando os triângulos aos céus.

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No dia Randal Juliano, pela Rádio Record dizia sobre o espetáculo: “O sentimento do paulista faz com que a cidade se locomova até o Viaduto do Chá. E aqui a multidão ergue os olhos para o céu, de onde caem lâminas metalizadas. Lâminas coloridas metalizadas sobre o viaduto do chá. Iluminadas por holofotes do exército, com o esplendor e luminosidade bonita. Traduzindo a alegria do povo paulista neste nove de julho, que comemorava uma derrota. Talvez tenha sido o único povo a comemorar uma derrota”.

Chuva de Prata em comemoração do IV Centenário.
Chuva de Prata em comemoração do IV Centenário.

Dizem que eram mais de um milhão de pessoas nas ruas, satisfeitas e estupefatas com tudo aquilo.

Inezita Barroso-caetanista e Randal Juliano: Baú do MagaRésultat de recherche d'images pour "Randal Juliano"

Corrida de Revezamento e o Fim da Primeira Noite de Festa

No fim da festa, ainda naquele fim de noite, fizeram a corrida de revezamento, com os principais esportistas do Brasil. A tocha percorreu a cidade de São Paulo inteira. E sua pira estava localizada no Pátio do Colégio.

Entre os esportistas estava Adhemar Ferreira da Silva, que percorreu o último trecho da corrida até acender a pira olímpica da celebração.

Logo após a corrida, um novo desfile aconteceu. E os civis e militares (até os revolucionários de 32) se uniram para organizar a Marcha Aux Flanbeau (marcha com tochas na mão). Em seguida bandas passaram, depois grupos esportivos (entre eles o Corinthians), o contingente da Força Aérea (os que não estavam na organização da Chuva de Prata) e a banda da Força Pública.

O fim do Estado Novo era recente. Mesmo assim, Getúlio Vargas não perdeu tempo e incentivou a festa, homenageando os trabalhadores paulistas, que sempre foram contra o seu governo. E o encerramento do desfile foi feito pelo Corpo de Bombeiros, que colocou seus carros na rua de sirenes ligadas. Motos e cavalos do Batalhão de Guardas compareceram. E a montaria dos Dragões da Independência finalizou o espetáculo.

Comemoração do IV Centenário de fundação da cidade de São Paulo.
Comemoração do IV Centenário de fundação da cidade de São Paulo.

O dia 10 de julho foi composto, prioritariamente, com festas infantis. Na frente da TV Tupi, que ficava no Sumaré, as crianças podiam se divertir com brincadeiras e várias atividades organizadas para o público infantil.

Nesse dia, também, foi recitado o hino do IV Centenário. Na Rádio Bandeirantes, o Coro do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (RJ), sendo maestro o Comandante (e coronel) Sadoff de Sá, o mesmo que fez a regência do hino da festa, no desfile do Anhangabaú, regeu esta mesma canção, o “Hino do IV Centenário”, do sanfoneiro Mário Zan, enquanto as pessoas batiam palmas e cantavam juntas.

Letra do Hino:

1º parte:

São Paulo, terra amada

Cidade imensa

De grandezas mil!

És tu, terra dourada,

Progresso e glória

Do meu Brasil!

Ó terra bandeirante

De quem se orgulha nossa nação,

Deste Brasil gigante

Tu és a alma e o coração!

Refrão:

Salve o grito do Ipiranga

Que a história consagrou

Foi em ti, ó meu São Paulo,

Que o Brasil se libertou!

O teu quarto centenário

Festejamos com amor!

Teu trabalho fecundo

Mostra ao mundo inteiro

O teu valor!

2º parte:

Ó linda terra de Anchieta,

Do bandeirante destemido.

Um mundo de arte e de grandeza

Em ti tem sido construído!

Tens tu as noites adornadas

Pela garoa em denso véu,

Sobre seus edifícios

Que mais parece chegarem aos céus!

(Refrão)

A festa do IV Centenário seria encerrada no dia seguinte, 11 de julho, com várias apresentações circenses e uma grande queima de fogos.

Cerca de 200 mil pessoas compareceram ao Alto da Lapa para prestigiar a festa e o céu incendiado de fogos de artifício, uma das últimas homenagens à cidade. O auge do espetáculo foi a recriação, em fogos, da baiana Cachoeira de Paulo Afonso. E ao lado dela, desenrolaram-se rapidamente duas grandiosas faixas. Aparecendo nestas as bandeiras da cidade e a do Estado de São Paulo.

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