Lenira Fraccaroli, outro belo exemplo de colega do IE Caetano de Campos.

LENIRA FRACCAROLI

 
in BBB:Blog Bem Brasileiro de 27/08/08. 

Lenira de Arruda Camargo Fraccaroli nasceu em Rio Claro no dia 21 de abril de 1906. Filha de pai delegado de polícia e de mãe dona de casa, participou da Revolução Constitucionalista de 1932 e em 1933 iniciou suas atividades educacionais como professora na Escola Primária Caetano de Campos. Neste mesmo ano prestou serviços na formação e organização da Biblioteca Escolar desta mesma instituição. Em 1935 ministrou aulas de Biblioteconomia a Inspetores, Diretores e Professores de Curso de Férias instituído pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo.

Ainda em 1935 foi convidada pelo então Diretor do Departamento de Cultura de São Paulo Mario de Andrade, para organizar a primeira Biblioteca Infantil do Estado de São Paulo, hoje a Biblioteca Municipal Monteiro Lobato, localizada na capital paulista. Permaneceu dirigindo as atividades desta biblioteca até 1961. Em 1947 a Lenira criou a seção de Braille na Biblioteca, cabendo até uma citação desta implantação no Diário Oficial de São Paulo. Já em 1950, a Biblioteca Infantil “Monteiro Lobato” do Estado da Bahia, que foi organizada nos moldes da Biblioteca Infantil de São Paulo, concede uma homenagem a Lenira dando o seu nome a uma das salas daquela biblioteca.
Sempre engajada na melhoria dos serviços prestados pela biblioteca que dirigia, a Lenira Fraccaroli fez construir, em 1952, o 1º Teatro Infantil do Mundo, o “Leopoldo Fróes”, localizado nas dependências da Biblioteca Infantil. Em 1953, a pedido do então prefeito de São Paulo Jânio Quadros, Lenira se reuniu com as autoridades da Secretaria da Cultura e com o próprio prefeito para analisar as condições de diferentes órgãos municipais. No encontro Jânio declara a Lenira que a Biblioteca Infantil “é a única repartição decente” do município.
Em 1956 Lenira, organizaria e colocaria em funcionamento, as primeiras bibliotecas infantis de São Paulo em prédio próprio, situadas em regiões como Freguesia do Ó, Mooca, Vila Maria, Vila Prudente, Pinheiros. Devido as sua bela fama constituída junto à sociedade paulistana, Lenira recebe neste mesmo ano um convite do Governo Americano para uma visita, onde conheceu também o Canadá e as bibliotecas infantis das cidades de Montreal, Toronto e Quebec.
Esteve presente em vários congressos promovidos pela UNESCO afim de contribuir para a melhorias nos parâmetros e pareceres sobre as bibliotecas infantis, além de ser representante da Prefeitura de São Paulo em diversos encontros internacionais realizados em paises da Europa como Espanha e Itália. Sempre com o intuito de conhecer as bibliotecas infantis, viajou por paises como Portugal, Inglaterra, França, Alemanha, Argentina além dos Estados Unidos e Canadá.
No Brasil contribuiu com a sua experiência na implantação e planejamento de diversas bibliotecas infantis de vários estados como Bahia e Paraná e em cidades como Campinas e Campos do Jordão.
No alto de sua aposentadoria em 1961, Lenira Fraccaroli recebe uma significativa homenagem de autoridades, escritores, ex-leitores e leitores das bibliotecas infantis com o título de Sócia Benemérita da Associação Paulista de Bibliotecários tendo sido ainda saudada pelo poeta Paulo Bomfim e os escritores Vivente Guimarães e Tales de Andrade. Além disso, neste mesmo ano, os então vereadores Dr. Mantelli Jr. e Prof. Valério Giulli encaminharam um requerimento à Câmara Municipal de São Paulo, solicitando a inclusão em seus anais de um voto de louvor pela sua atuação como funcionária na Direção da Divisão de Bibliotecas Infantis, tendo esta solicitação sido atendida por unanimidade. A partir de sua aposentadoria, Lenira vinha colaborando com o governo brasileiro e entidades interessadas na organização de bibliotecas infantis sem nenhum interesse financeiro. Na época de sua aposentadoria Lenira havia deixado em funcionamento na capital paulista vinte bibliotecas infantis.
Foi ainda homenageada em programas dos canais de televisão 4 e 9. Em 1971 Lenira, então presidente de um grupo de escritores e bibliotecários, organiza em colaboração com uma firma de propaganda e diretores de um grande supermercado, uma “tarde de autógrafos” e “hora do conto” oferecido às crianças que iam com seus pais às compras, sendo a primeira a realizar este tipo de empreendimento no Brasil. Em 1978 criou a Academia Brasileira de Literatura Infanto-Juvenil.
Lenira Fraccaroli destaca-se pela sua determinação e prol da educação e viabilização da cultura à sociedade, atendendo principalmente às crianças com a organização das bibliotecas infantis. Por isso recebeu diversas homenagens tendo sido reconhecida ainda com o Prêmio Nobel da Literatura “Gabriela Mistral” pelo seu desempenho e por autoridades da época como Afrânio Peixoto, Roberto Simonsen, Monteiro Lobato. Não obstante o reconhecimento das autoridades e da mídia, que a citavam em diversas matérias jornalísticas, Lenira era apoiada por inúmeras crianças de todo o pais que enviavam cartas parabenizando-a pelos projetos desenvolvidos e organização das bibliotecas infantis ao redor do Brasil. Já em 1987, Lenira é homenageada como Cidadã Paulistana pela Câmara Municipal de São Paulo por aclamação.
Em 1991, Lenira Fraccaroli falece aos 85 anos, deixando vivo um ideal a ser seguido de serviço à cultura brasileira.“Nada se faz sem o livro. Até o vídeo texto busca nos livros orientação para a sua sobrevivência. Faça do livro o seu presente, a sua mensagem, o desejo de conhecer a magia do universo. Passei a minha vida preocupara com as crianças e, devo dizer que sou muito feliz nestas recordações que trago com humildade para uma noite de encanto e ternura. Vivi no “Paraíso das Crianças”, expressão que recolhi da revista francesa “Courier”, utilizada por um articulista.
Nesse “Paraíso das Crianças” depositei toda a minha esperança de um Brasil feliz.” (Lenira Fraccaroli)
 
Queridos leitores:
Frequentadora que fui da BI Monteiro Lobato, não podia deixar em branco a biografia de outra caetanista interessante.
Bons tempos aqueles, em que os “servidores” do governo serviam à sociedade…
Dona Lenira Fraccaroli deixou seu gargo de diretora da Biblioteca Monteiro Lobato em 1961 para minhas queridas Ofélia França e Noemi Du Val Penteado, que souberam preservar e aumentar as realizações da ilustre diretora.
Devo um “perfil” de dona Noemi para vocês, a criadora do espaço L. Lambertini que acolheu o TIMOL, teatro Infantil Monteiro Lobato.
Saudades daquela época,
abraços teatrais,
wilma.
28/08/12.
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2 respostas para Lenira Fraccaroli, outro belo exemplo de colega do IE Caetano de Campos.

  1. João Bosco Souza disse:

    Tive a felicidade de tornar-me frequentador da Biblioteca de Vila Buarque de 1949 a 1954 quando a Vida me chamou para os estudos. Foram os anos mais felizes do começo de minha juventude. Tive o privilégio de conviver com Dona Lenyra. Inesquecível educadora. Inolvidavel mulher a ela minhas respeitosas homenagens. João Bosco

    • João Bosco; meus amigos mais fraternos vieram da BIML; gente que frequentei até que partisse da Terra. Sou muito grata a todos que trabalharam e trabalham na BIML, mesmo sabendo que hoje-em-dia muitos problemas atingem aquele prédio da Rua General Jardim. Abraços, wilma.

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